Contos, crônicas e cartas

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segunda-feira, 28 de março de 2011

* A Vera Antoun

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Estavam ali as portas
Janelas e varandas.
Estavam ali
Na fronteira do olhar
Onde o de dentro encontra
Justamente
Com o de fora.
Nesse ponto exato
Elas estavam:
Bastava um gesto.
Mas o meu estar parado
Era maior que eu.
Estar parado
Estar vivo:
A mesma incompreensão
E medo
Entre mim
E aquele estar das coisas.
Estar ali
Como nunca ter chegado.
Estar ali
Por estar ali
E além de mim
O que eu não ousava.
Ah
Relembro a amplidão dessas varandas intocadas
Os pequenos raios de luz
Nos vidros coloridos das janelas.
Revejo a dura consistência da porta
Cerrando seu segredo.
E me retomo
Ali
No imóvel do gesto que não fiz.
Como se pudesse
Agora
Escancarar portas e janelas
Para sair nu pelas varandas
Desvairado e nu
Profeta, louco, infante,
Sair para o vento
O sol, as tempestades, as neves,
As quedas de estrelas e Bastilhas,
O cheiro de jasmins
Entontecendo os quintais.
(pudesse retomar manhãs, amigo,
manhãs perdidas como tudo
que não fui)
Mas continuo Ali.
Aqueles espaços
Permanecem mortos dentro de mim.
Como um corpo que se ama
E não se toca.


Londres 4.2.74


(Fiz depois duma bad lisérgica e dum papo muito duro com Serginho. Você gosta?)



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2 comentários:

Marluce, em palavras disse...

Suzy,



Até que enfim você voltou, permitindo os comentários, melhor assim! rsrs


É prazeroso vir qui ler tão grandes posts, nossa, você faz belíssimas escolhas nos escritos!


Parabéns!


Um abraço amigo, Marluce

Dani disse...

Olááá!!!

Adorei seu blog....seus contos e encantos!!!

Já sou sua mais nova seguidora, e estarei vindo por aqui mais vezes!!

beijos